17 de outubro de 2006

Cyberespaço redimensiona a relação ensino-aprendizagem

Jogos eletrônicos contribuem não só para a aprendizagem como também para que os jovens aprendam a aprender. Leitura bíblica em plataforma multimídia como estimuladora da relativização de visões ortodoxas e fechadas. Chats da Internet como instrumento para o uso eficaz da linguagem, estimulando o gosto pela aprendizagem. Estes e outros trabalhos sobre potenciais aplicações das tecnologias da informação e comunicação às atividades educacionais serão discutidos no I Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação.

O evento acontece nos dias 26 e 27 de outubro e é promovido pelo Núcleo de Estudos do Hipertexto e Tecnologia Educacional (NEHTE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Estarão presentes pesquisadores de diversas regiões do Brasil, o que marca o desenrolar do I Encontro Nacional sobre Hipertexto realizado em 2005 também na UFPE. O Simpósio discute ainda a inclusão de deficientes visuais no mercado globalizado, por meio das tecnologias da informação.

PRECONCEITOS - A estrutura cognitiva dos leitores da bíblia passa por alterações quando o livro sagrado é incorporado ao ambiente virtual? Este questionamento conduz a exposição de idéias dos pesquisadores da UFPE, José Carlos Leandro e Antonio Carlos Xavier. Eles debatem como a interatividade possibilitada pela leitura hipertextual da Bíblia no suporte digital contribuirá para uma pluralidade de leituras dos Textos Sagrados, relativizando a ortodoxia da hermenêutica dos exegetas (intérpretes das escrituras) e atacando assim o preconceito alimentado por dogmatismos.

No evento, ocorrerá o enfrentamento de preconceitos como o de que crianças e adolescentes perdem tempo de estudar quando estão jogando no computador. Desafios em reinos virtuais de fantasia e aventura possibilitam aos jovens construir seu próprio roteiro de aprendizagem, combinando conhecimentos de história, linguagem e outras disciplinas. Esta idéia será discutida pelos pesquisadores Filomena Moita (Universidade Estadual da Paraíba), Durval Nogueira (Universidade do Estado da Bahia) e Gustavo Gadelha (SENAI-BA).

Serão discutidos, durante o Simpósio, os choques e casamentos que podem acontecer entre as modalidades tradicionais de produção cultural e as plataformas virtuais multimidiáticas. Um dos temas tratados, nesta esfera, diz respeito às implicações envolvidas na transição de elementos da cultura popular, dentre os quais os folhetos de cordel, para o cyberespaço.

O professor José Alexandre Ferreira Maia (UFPE) traça o perfil que o romance assume quando é estruturado, de saída, como um hipertexto. Ele investiga como o aparentemente fragmentário e desconexo é na verdade um enredo tecido por elementos hipertextuais.

LETRAMENTO - Valéria Maria Cavalcanti Tavares (CMP-CE) abordará como recursos da Internet favorecem a valorização do trabalho em grupo e do desempenho oral no ensino de línguas. O pesquisador Júlio César Araújo, da Universidade Federal do Ceará (UFCE), segue um caminho semelhante, ao propor um olhar sobre os chats da Internet como ambientes de inclusão do aluno na construção do conhecimento.

A professora da UFPE, Nelly Carvalho, discutirá como a volatilidade do ambiente virtual trabalha minimizando o peso do erro gramatical. Ela também analisará o alcance destas mudanças tecnológicas na publicidade.

A necessidade de redimensionar a relação entre professor e aluno, a partir do avanço das tecnologias da informação no ensino-aprendizagem será discutida por Sérgio Abranches (UFPE). Segundo ele, a formação de professores começa a ser criticada na sua forma clássica que inclui a presença física de formador e formando em um mesmo espaço, e também a orientação diretiva das atividades exclusivamente por parte do professor-formador.

Paulo Gileno Cyneiros (UFPE) analisará exemplos concretos desta mudança na relação entre professor e alunos, no contexto da escola brasileira, tanto pública como particular, exemplificando-as com situações positivas e negativas de uso de ferramentas de hipertexto na atividade de ensinar e aprender.

Desmistificar a idéia de que o Linux é um bicho-de-sete-cabeças é o objetivo de André Alexandre Padilha Leitão (UFPE). Ele apresentará programas oferecidos por este sistema operacional e que auxiliam o desenvolvimento do letramento digital dos alunos, bem como a personalização das aulas pelos professores ou de projetos a serem desenvolvidos na escola.

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Fonte: http://www.ufpe.br/new/visualizar.php?id=4539

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